Técnica: Amigo Imaginário

Essa técnica é uma das favoritas dos ateus. Ela equipara a crença em Deus (de forma ofensiva) à crença de uma criança em amigos imaginários. Podemos ver uma aplicação na charge acima, tirada do blog “Yes Ciencia” (cujo nome e proposta gostaria, mas não vou, comentar).

Basicamente, o que o neo-ateu vai fazer é o que foi explicado acima: dizer que sua crença em Deus é uma “crença em amigo imaginários para adultos”. Uma alegação totalmente fraudulenta e que é demolida pelo uso do ceticismo, é claro.  Para acabar com essa técnica, basta definir, de forma coerente, o que é amizade. Segue uma pequena refutação abaixo:

  • NEO-ATEU: Ao contrário de você, eu não preciso de amigos imaginários.
  • REFUTADOR: Essa é só a velha técnica do self-selling misturada com Ateus são fortes, Teístas são Fracos (Crença por Necessidade). Já foi refutada. Além disso, eu nunca disse que minha relação com Deus era por “laços de amizade”, como é o caso de uma criança e suas fantasias.
  • NEO-ATEU: Mas se há uma relação, há amizade. Pelo menos no meu conceito.
  • REFUTADOR: Amizade é a relação afetiva recíproca entre dois humanos, construída a partir de atos de cooperação e compartilhação de experiências diretas, onde ambos vão adquirindo conhecimento sobre o outro. É claro que esse conceito não pode ser aplicado para Deus, a menos que você admita explicitamente  fraude.

Esse comportamento até é entendível, pois não raro neo-ateus declaram uma visão de Deus mais parecida com um velhinho “hippie” sentado numa nuvem, cuja atitudes são tipícas de um  “brother” da humanidade. É claro que essa não é uma visão madura do que é Deus (lembra um pouco Lewis Wolpert) e o argumento ateu falha.

Desfeita primeira parte (da amizade), ainda temos que atacar a parte do “ser imaginário” (alias, recomendo que ataque nas duas frontes diretamente, quando for fazer a refutação).

O negócio é desafiá-lo PUBLICAMENTE a provar que Deus é imaginário. Para cumprir a tarefa, ele deverá não só derrubar TODOS os argumentos a favor da existência de Deus, como ainda deve apresentar provas NEGATIVAS para essa questão.

Será que o neo-ateu conseguirá fazer isso? Ou será que ele só mais um  “fanfarrão”, um palpiteiro intrometido em assunto que nunca estudou? É pagar pra ver.

  • NEO-ATEU: Mesmo que não seja seu amigo, continua sendo um ser imaginário.
  • REFUTADOR: Prove que é um ser imaginário, então.
  • NEO-ATEU: Sei que é imaginário porque a existência de Duendes e Fadas é puramente imaginário e eles são tão credíveis quanto Deus.
  • REFUTADOR: Bobagem pura. Primeiro que existem argumentos lógicos para a existência de Deus. Para dizer que são a mesma coisa, você teria que apresentar argumentos tão fortes para a existência de fadas e de duendes como temos para Deus. Segundo, o plano de discussão é diferente. Fadas e duendes estão no plano físico, Deus está no plano metafísico. E mesmo que o plano de discussão fosse o mesmo, o fato de você reconhecer que existem alguns seres que são puramente imaginários não faz TODOS os seres do qual você não tem certeza serem puramente imaginários. Essa é uma falácia conhecida como Ampliação Indevida. Onde você estudou lógica, afinal? Você vai derrubar todos os argumentos para a existência e apresentar os argumentos para a inexistência ou vai fugir de validar sua alegação?

[e assim vai, até demonstrar que ele não tem noção nenhuma do assunto]

Em suma:

  1. Demonstre que o conceito de “amigo” não deve ser aplicado a Deus;
  2. Faça-o provar que Deus é imaginário, como faz sua alegação original;
  3. Se ele não puder, desmascare-o e deixe claro para o público quem é o fanfarrão no debate;

Conclusão

Essa é, basicamente, uma técnica de RIDICULARIZAÇÃO, não fruto de um pensamento rígido e formal. Como avisou William Lane Craig ao comentar sobre um debate com Cristopher Hitchens (veja aqui): “Ridicularizar é uma das armas mais importantes. A sátira e a ridicularização. E isso persuade as pessoas de uma forma que muitas vezes o argumento racional não faz. Infelizmente, muitas vezes as pessoas não pensam logicamente, eles não sabem pensar logicamente. (…) Logo se percebe que toda esta retórica ateísta é apenas isto, retórica e apelo emocional.” Se um debatedor, para refutar o adversário, precisaria descer até o pueril e ralo “amigo imaginário”, pense: quem mesmo está com dificuldades de provar sua posição?